A polarização política consiste no aumento de divergência entre certas ideologias dessa área, que, em seu nível mais extremo, consolida a ideia de dois partidos antagônicos em constante e crescente competição. Esse fenômeno nasce a partir da conjuntura de diversos fatores políticos e econômicos, nacionais e globais, que moldam a percepção da população acerca da política e o posicionamento que ela adquire quanto ao regime democrático que passa a ser reinstalado no Brasil a partir do final da década de 80. Em face de tema tão relevante no contexto atual brasileiro, o objetivo geral deste trabalho é ilustrar a percepção que os brasileiros têm do cenário político atual, em especial da polarização ideológica. O segundo objetivo geral desta pesquisa é desenvolver um dispositivo para análise da relação entre polarização política e atitudes antidemocráticas e a manifestação desses sentimentos na atuação organizacional da população. A justificativa para o tema escolhido se baseia na preocupação em relação às consequências desse tipo de divergência no funcionamento do exercício democrático e na própria percepção que os cidadãos têm do regime que, quando é negativa, impossibilita relações harmônicas entre Estado e sociedade. A relevância do tema abordado se encontra alinhada com os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, mais especificamente com o de número 16: “Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis”. A metodologia da pesquisa consiste em 4 etapas, sendo que a primeira já foi realizada. As etapas são: revisão bibliográfica acerca dos fatores históricos relacionados à polarização política, já concluída; elaboração de um dispositivo em forma de questionário que avalie a presença de comportamentos antidemocráticos e a adesão ao regime no cenário político após 2018, em especial em relação às eleições de 2022, com base nos critérios de adesão e comportamento político de Moisés (2008); análise dos resultados do dispositivo a partir dos conceitos definidos de democracia e autoritarismo; e elaboração de um material digital com a proposta de debate sobre as origens do autoritarismo e do radicalismo no Brasil. Sobre o processo histórico de formação da polarização, pode-se listar três eventos principais que condicionaram o cenário político à situação em que hoje se encontra: as Manifestações de Junho de 2013, o Impeachment de Dilma Rousseff e as Eleições de 2018. Através dessa análise, observa-se um radicalismo na atuação política da população brasileira que tem se posicionado em defesa de discursos intolerantes a quaisquer pensamentos discordantes e que defendem figuras autoritaristas. Além disso, esse contexto caótico causa uma insegurança popular sobre as instituições de governo, limitando a articulação entre Estado e cidadãos e tornando o aparato público cada vez mais ineficiente. Quanto à análise dos efeitos da polarização sobre o regime democrático, é necessário salientar que a democracia brasileira vigente no século XXI pode ser classificada como social, aquela em que os órgãos de poder têm a responsabilidade de promover direitos e de prestar contas ao povo. Ela se sustenta em 3 pilares: a participação, a competição e a contestação. Assim, pode-se inferir que um sentimento de polarização inequívoca compromete o funcionamento efetivo dos pilares da democracia. Palavras chave: Ciências Sociais, Polarização Política e Democracia Brasileira.