A pobreza menstrual é um conceito que aborda as diferentes formas de desigualdade de gênero, resultado da precariedade do acesso a produtos de higiene menstrual, banheiros, desconhecimento acerca da própria menstruação, tabus envolvidos, entre outros. Nesse sentido, os seus impactos não se limitam apenas à área da saúde, uma vez que são notórias as consequências dessa problemática ainda na educação, onde a ausência de meninas em dias escolares durante seu período menstrual está diretamente relacionado a isso, sendo agravado pela vergonha e desconforto. Sendo assim, o tema foi escolhido como objeto de estudos a partir do envolvimento dos integrantes em um movimento social em prol do combate à violação de direitos das mulheres. O movimento é o Girl Up, vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU). Sendo assim, para obtenção de melhores considerações locais, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) criaram o livro chamado “Pobreza menstrual no Brasil: Desigualdades e Violações de Direitos”, o qual é utilizado como referencial teórico para retratar a temática. Sob essa ótica, faz-se imprescindível o entendimento do cenário de pobreza menstrual enfrentado por diversas meninas, o que leva a uma abordagem interseccional do problema considerando as suas diferenças territoriais e socioeconômicas. Dessa forma, é possível analisar a ação direta e indireta da pobreza menstrual na relação e conhecimento sobre o próprio corpo, utilização de eufemismos e “tabus” e suas influências na questão proposta. Além de compreender por meio da aplicação de questionários em escolas públicas e privadas e a obtenção de dados gerais a abrangência e correlações do tema. Essas informações foram comparadas com dados globais e brasileiros para entender as especificidades regionais, culturais e sociais. Assim, ao final da pesquisa, foi constatado que os estudantes tanto de escolas públicas quanto das privadas têm, majoritariamente, acesso a absorvente. Entretanto, uma grande parcela já teve que utilizar substitutos como papel higiênico, panos e miolo de pão. Já aquelas que não tem, é decorrente não só de fatores econômicos, como também pelo pensamento de que esses produtos de higiene para conter o fluxo são considerados dispensáveis, o que causa consequências negativas na saúde. Além disso, faltar aula não é algo muito recorrente, porém existe uma parte significativa dos entrevistados que já deixou de praticar alguma atividade por conta da pobreza menstrual. Outrossim, a obtenção de conhecimento acerca da menstruação é oriundo na maior parte pela família e escolas, porém, muitas vezes eufemismos são usados ao invés de falar a palavra “menstruação”, o que demonstra que ainda existe um tabu que envolve essa temática.