A urbanização é um processo relativamente recente na história da humanidade, tendo tido uma aceleração após a Revolução industrial. Sua expansão acompanhou um aumento exponencial da população urbana em relação ao ambiente rural, e em 2007 se tornou predominante no mundo. No Brasil, de acordo com o IBGE, em 2017, a população urbana correspondia a 85%. A urbanização causa profundas modificações em seu ecossistema natural original, formando as chamadas Ilhas de Calor Urbano (ICU), que são caracterizadas por diferenças de temperatura entre áreas rurais e urbanas. Os impactos causados por essas formações já foram largamente documentados para o consumo de energia, qualidade do ar e saúde humana e que promovem a alteração e diminuição de serviços ecossistêmicos, como a mudança na dinâmica de temperatura do ar em meso e microescala. Dentre os possíveis fatores para alterações no microclima, pode-se considerar o albedo, índice que mede a capacidade de refletância de certo material. O aumento da absorção de energia através de materiais escuros pode modificar a temperatura do ar levar a um aumento no desconforto térmico para a população, bem como alterações na dinâmica energética urbana. Da mesma maneira, materiais com um alto índice de albedo podem manter as superfícies com uma temperatura mais baixa, reduzindo os efeitos das ICU. Num cenário de aumento populacional, aliado a um crescimento urbano desordenado e de adensamento populacional, que levou a uma intensificação da verticalização em alguns bairros da cidade de São Paulo, é necessário o entendimento dos impactos causados por esses processos e estratégias para a mitigação de seus impactos. O presente trabalho busca compreender de que maneira o albedo poderia influenciar positivamente num aumento do conforto térmico da população, bem como a diminuição dos impactos em alguns efeitos microclimáticos, causados pelo aumento da absorção de energia e da temperatura em cânions urbanos. Para tentar responder à pergunta foi feito um modelo físico experimental baseado na produção de duas maquetes com índices de albedo opostos de um recorte de cânion urbano do centro da cidade de São Paulo, uma vez que devido a sua importância histórica, é uma área que passou por diferentes fases de urbanização. Para a coleta dos dados de temperatura foi feito um circuito de arduíno em ambas as maquetes com 5 sensores de temperatura LM35, dispostos em diferentes estratos do cânion urbano referente. Os resultados possibilitam uma maior compreensão dos efeitos relacionados a absorção de energia e aumento da temperatura dos cânions e da influência do albedo nas superfícies prediais, sob uma perspectiva de contribuição para estudos sobre dados microclimáticos. Espera-se que o albedo possa ter importância na composição dos fatores que influenciam a dinâmica climática, como dados meteorológicos e que um maior entendimento permita a possibilidade de prever fenômenos do clima urbano, orientando decisões projetuais arquitetônicas e urbanísticas compondo diretrizes ecológicas da urbanização mais específicas em intervenções de políticas públicas, como alinhadas ao Plano Diretor das cidades, no que concerne as legislações edilícias.