A Doença de Parkinson é a segunda desordem neurodegenerativa mais comum no mundo, causando sintomas motores e não motores, a exemplo de tremores e da insônia, respectivamente. A enfermidade é caracterizada pela perda seletiva de neurônios dopaminérgicos na área da substantia nigra do cérebro, onde esses neurônios produzem a dopamina, um neurotransmissor correlacionado à contração muscular e ao sistema de recompensas, sendo essa molécula naturalmente oxidada à quinona. Simultaneamente, a α-sinucleína, uma proteína presente nessas células, inicia um processo de oligomerização na presença da dopamina, formando fibras. Entretanto, as quinonas formadas na oxidação da dopamina estabilizam os oligômeros de α-sinucleína formados, tóxicos aos neurônios dopaminérgicos e induzindo à morte dessas células. A quercetina é um flavonol encontrado em alimentos como alho e cebola, possuindo atividade antioxidante amplamente conhecida, capaz de atravessar a barreira hematoencefálica e tendo sido sugerida por ZHU et al. (2011) como um potencial fármaco por sua capacidade de impedir a formação de fibras de α-sinucleína. Contudo, esse flavonoide também é oxidável à quinona. Baseando-se nisso, o presente estudo visou a avaliar o potencial efeito tóxico da quercetina na Doença de Parkinson. Mediante cromatografia de exclusão, analisou-se a capacidade desse flavonol de induzir a oligomerização da α-sinucleína e, por meio de eletroforese (SDS-PAGE), investigou-se o efeito da quercetina na oligomerização da α- sinucleína na presença de dopamina. Com o auxílio do método iodométrico- espectrofotométrico, avaliou-se o impacto desse flavonol na oxidação do neurotransmissor em questão e usou-se o método do MTT para verificar as alterações causadas pela quercetina na redução da viabilidade celular de neuroblastomas da linhagem SH-SY5Y. Como resultado, constatou-se que esse flavonol altera o perfil de oligomerização da α-sinucleína somente na presença de dopamina, aumentando a quantia de monômeros, dímeros e trímeros, e reduzindo a quantidade de oligômeros grandes e de oligômeros totais. Ademais, notou-se que a quercetina promove uma maior oxidação da dopamina e estabiliza formas oligoméricas de maior toxicidade em comparação àquelas formadas em sua ausência. Portanto, conclui-se que a quercetina apresenta potencial efeito tóxico aos pacientes portadores de Doença de Parkinson. Palavras-chave: Dopamina. α-sinucleína. Oligômeros. Neurônios dopaminérgicos.