O câncer de pâncreas mais comum é do tipo adenocarcinoma (que se origina no tecido glandular), correspondendo a 90% dos casos diagnosticados.Pelo fato de ser de difícil detecção e ter comportamento agressivo, o câncer de pâncreas apresenta alta taxa de mortalidade, por conta do diagnóstico tardio. No Brasil, é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes causadas pela doença. A caquexia do câncer é uma síndrome multifatorial caracterizada por perda de massa muscular, levando a uma perda de peso significativa que afeta a qualidade de vida do paciente, a tolerância ao tratamento, a resposta à terapia e a sobrevivência. A identificação da expressão no momento do diagnóstico pode ajudar a elaborar estratégias para minimizar os efeitos da caquexia em pacientes com câncer de pâncreas. Sendo assim, o objetivo do presente estudo é avaliar o perfil de expressão gênica de adenocarcinomas pancreáticos e sua relação com as taxas de mortalidade e sobrevida dos pacientes. A partir de análise de dados nos portais The Cancer Genome Atlas Program (TCGA) e The Genotype-Tissue Expression (GTEx), foi realizada a comparação da expressão gênica em amostras de tecidos neoplásicos e normais de pâncreas, focando na expressão de fatores caquéticos conhecidos e sua relação com a mortalidade. Foram obtidos os perfis de expressão gênica de 350 amostras de adenocarcinoma pancreáticos e tecidos normais correspondentes (TCGA e GTEx). Foram avaliadas 179 amostras de tecidos normais e 171 de neoplásicos. Observa-se que dos genes que secretam proteínas, 92,8% estavam supra regulados e 7,2% infra regulados. A análise de transcritos para esses 25 fatores caquéticos revelou que VEGFA, CCL2 e CXCL8 são expressos em altos níveis em muitos tecidos tumorais, enquanto IL4, IL17A e CSF2 são expressos em baixos níveis. A maioria desses genes de secretoma compartilhados inclui proteínas associadas a uma via de sinalização mediada por citocinas, resposta inflamatória, interação do receptor de citocinas e citocinas e regulação positiva da quimiotaxia de leucócitos. Várias dessas proteínas secretadas foram previamente investigadas como potenciais biomarcadores de caquexia no sangue em pacientes com câncer. Já quando feita a relação do número de fatores caquéticos expressos e a sobrevida, observou-se inversa correlação entre a quantidade de expressão desses fatores e a sobrevida em meses. Com base nos nossos resultados podemos concluir que o adenocarcinoma pancreático apresenta expressão aumentada de fatores caquéticos conhecidos, esses fatores caquéticos são proteínas relacionadas ao processo inflamatório com citocinas e interleucinas. Pacientes que possuem maior expressão de fatores caquéticos, apresentam menor taxa de sobrevida. O conhecimento de alvos biológicos no momento do diagnóstico pode ajudar a identificar pacientes predispostos ao desenvolvimento e colaborar para a intervenção precoce no sentido de prevenção dos efeitos mais severos da caquexia, uma vez que a sua ocorrência está relacionada a uma a tolerância ao tratamento, a resposta à terapia e a sobrevivência. Palavras chave: Câncer de pâncreas, caquexia, alvo moleculares