As feiras de ciência são fundamentais para a promoção da pesquisa, da inovação e da tecnologia no país, onde centenas de pesquisadores voltam os seus esforços à aplicação do conhecimento para a melhoria da sociedade nas mais diversas áreas. Porém, assim como qualquer evento, elas trazem um impacto e um custo ambiental ao local onde ocorreram (por diversos fatores como aumento do número de pessoas, de circulação de carros, resíduos produzidos, poluição sonora e luminosa, etc). E nem todas as feiras adotam medidas para zerar (ou ao menos reduzir) esse impacto. Uma dessas medidas seria incentivar o uso de alternativas recicláveis, biodegradáveis ou propor novas formas de uso a materiais descartados. Aliás, material para isso temos em excesso. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente através da Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), estima-se que o Brasil perca cerca de R$ 8 bilhões por ano por não reciclar os resíduos sólidos e destiná-los aos aterros e lixões das cidades. O Brasil gerou, em 2018, 79 milhões de toneladas de lixo por ano, um aumento de 1% em relação ao ano anterior, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos de 2018, elaborado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Deste total, a estimativa é de que somente 3% sejam de fato reciclados, sendo que o potencial é de até 30%. Comparando com os países da América Latina, o Brasil é o campeão de geração de lixo, representando 40% do total gerado na região (541 mil toneladas/dia, segundo a ONU Meio Ambiente).
A partir desta realidade apresentada, nos sentimos motivadas a sermos apoiadoras no desenvolvimento da reutilização de materiais sólidos e proposição de alternativas ambientalmente conscientes, trazendo às feiras essa consciência ambiental bem como o engajamento dos participantes nesta causa. O objetivo deste projeto é a idealização e proposição de um estande sustentável modular que possa ser facilmente montado e desmontado, dando origem, ao fim do evento, à novos itens que possam ser doados para associações ou causas sociais. Também temos por objetivo de um estudo de layout de peças que possa mostrar alguns dos itens que poderiam ser montados através da reconfiguração das peças (casinha de cachorro, casinha de boneca, mini-goleiras, brinquedos, entre outros). Isso levará ao estudo de materiais que o tornassem viável e a questões de como realizar os recortes e encaixes. Com o projeto ESPARS, ao final do evento, os participantes teriam a oportunidade de transformar os estantes em produtos que possam beneficiar ONGs e projetos. Assim, temos um estante acessível monetariamente, resistente, biodegradável, socialmente responsável e que agrega uma oportunidade de trabalhar, através dele, a sustentabilidade.
O desenvolvimento do primeiro protótipo de estande funcional em miniatura se dará até a apresentação do projeto na Mostratec e, portanto, dados mais concretos serão apresentados futuramente. Para a resistência, será testado se o estande mantém sua forma e estabilidade após receber um banner de tamanho padrão científico (90cm x 120cm), uma luminária e uma tomada. Em relação a durabilidade, após remontado na forma desejada, os itens serão doados para uso em ambiente real e um acompanhamento será realizado para verificar o tempo de uso possível. Já a variável tempo de montagem/remontagem, atingiu níveis satisfatórios através do teste de um modelo em escala, ficando abaixo dos 5 minutos e imaginamos que, escalando para um tamanho real, esta proporção irá se manter.
Outro fator fundamental para o sucesso desse projeto é o compartilhamento do conhecimento gerado e do próprio projeto. De um lado, a colaboração e interesse de parceiros pode proporcionar a inovação contínua e mútua e contribuindo para os objetos de aprendizagem e o aperfeiçoamento do modelo. De outro, o uso real dos estandes pode gerar engajamento social em feiras que ao final deixarão um retorno social para as cidades que as sediarem.