O projeto tem como objetivo desenvolver um conservante natural para o creme Lanette por meio de resíduos pós-consumo, folhas, sementes e cascas, de abacate (Persea americana Mill) que virariam toneladas de lixo orgânico. Atualmente, muitos conservantes para cosméticos são à base de parabenos, visto que são eficazes na inibição microbiológica e possuem baixo custo. Porém, esse fato também é um problema, pois os parabenos possuem efeitos alergênico, uterotrófico e estrogênico, o que pode causar, com o uso prolongado, dermatite alérgica, desregulação dos sistemas endócrino e reprodutor e desequilibrar a divisão de células mamárias até provocar um tumor. O creme Lanette é uma formulação base, sem propriedade terapêutica, largamente utilizado nas farmácias de manipulação. Além disso, é uma emulsão O/A e sua fórmula magistral contém três conservantes sintéticos, sendo dois parabenos, o metilparabeno e o propilparabeno. Uma estatística impactante é que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2018, aproximadamente 235 mil toneladas de abacates foram produzidos no Brasil, sendo que milhares de toneladas de lixo orgânico podem ser geradas apenas da semente do abacate, sem contar com as folhas e as cascas que também têm como destino principal o lixo, que usualmente é mal acondicionado. Todavia, estudos atuais apontam que os abacates possuem atividades antioxidante, anticarcinogênica, antimicrobiana e antifúngica, dentre outras, da polpa à casca, pela presença de compostos fenólicos, vitaminas e sais minerais, o que revela o seu potencial para ser um agente conservante. Inicialmente, para o preparo do material vegetal, será realizado a secagem em estufa e o fracionamento mecânico, como moagem e pulverização, com auxílio do gral e pistilo, das cascas, sementes e folhas do abacate. Após esse preparo, serão realizadas as extrações, uma contínua por Soxhlet e outra em banho de ultrassom, utilizando solventes “verdes”. Posteriormente, os extratos passarão por análises de cromatografia líquida de alta eficiência a fim de isolar e avaliar os componentes de acordo com suas propriedades químicas, físicas e físico-químicas. Depois, serão produzidos três tipos de cremes, a formulação Lanette padrão (padrão positivo), um sem os compostos conservantes da fórmula (padrão negativo) e outro com o extrato de abacate, o que apresentar as melhores moléculas, como conservante (hipótese). As formulações passarão por testes a fim de comprovar sua estabilidade por meio da avaliação dos parâmetros organolépticos e físico- químicos, além do teste microbiológico. A avaliação dos resultados será pela comparação entre o novo produto e os padrões, seguindo a metodologia da ANVISA. Ao final, espera-se a atuação do extrato natural dos resíduos pós-consumo de abacate como conservante a fim de substituir os conservantes sintéticos convencionais prejudiciais à saúde, dar um destino mais , usualmente mal acondicionado, e agregar valor aos mesmos. Este trabalho ainda não apresenta resultados devido às orientações de condutas seguras frente evolução da pandemia de COVID-19. Palavras-chave: Persea americana Mill. Creme Lanette. Teste do conservante.