Para uma grande parcela da população mundial, andar trata-se de uma ação comum do dia a dia, executada, muitas vezes, de forma automática e sem dificuldade. De acordo com Vieira e Caldas (2016), a capacidade do ser humano de se movimentar está relacionada diretamente com a sobrevivência dos indivíduos, uma vez que sua perda dificulta a realização de tarefas essenciais da vida diária e pode ser um ponto de início para o desenvolvimento de outros diversos problemas de saúde. Os lesados medulares, por constituírem uma parte menor da população mundial, necessitam se habituar a um mundo que não é, de todo, adaptado a eles, o que, consequentemente, dificulta que saiam de casa, que circulem entre multidões ou que andem de transporte público. Os obstáculos que precisam enfrentar, no entanto, também vão muito além de seus limites físicos ou das mudanças exigidas, devido a sua condição, no meio em que vivem. O Ministério da Saúde (2013), por exemplo, afirma que a taxa de deficientes medulares que desenvolvem depressão após a lesão, quando esta é traumática, é especificamente alta. Assim, foi pensando em gerar uma melhor qualidade de vida a essa parte da população, apresentando uma nova opção que não a de os confinar a cadeiras de rodas pelo resto de suas vidas, que se desenvolveu o presente projeto, este que diz respeito a etapa inicial da projeção de um dispositivo eletromecânico bípede para locomoção de deficientes medulares. A pesquisa desenvolvida busca, principalmente, estabelecer os torques ocorrentes nas articulações dos membros inferiores durante movimentos como o de locomoção em pé e de levantar da posição sentada, com a finalidade de, consequentemente, permitir a escolha da melhor forma de mecanismo a ser empregado no protótipo, sem prejudicar os objetivos iniciais, tais como o satisfatório custo benefício e eficiência energética. Para o desenvolvimento do projeto, utilizou-se como base bibliografias já existentes, de forma que se tornou possível coletar as informações necessárias sobre lesão medular e as classificações de acordo com o comprometimento sensório-motor. Da mesma maneira, estudou-se sobre os movimentos que devem vir a ser executados pelo dispositivo, compreendendo suas fases, ângulos e velocidades. Assim, pode-se estabelecer um método de cálculo indireto para obtenção dos torques nas juntas, levando em consideração um ser humano teórico e permitindo, a partir disso, o completo desenvolvimento da pesquisa. Chegou-se a conclusão, por fim, de que os motores elétricos, sistema de funcionamento mais comum em exoesqueletos, não são de todo o melhor mecanismo a ser aplicado, isso porque os esforços produzidos durante os movimentos analisados são muito grandes, aumentando tamanho e peso dos atuadores, assim como da maior parte de outros componentes que os acompanham, ultrapassando o limite físico disponível no protótipo. Palavras-chave: Lesão Medular. Locomoção bípede. Tecnologia assistiva. Dispositivo eletromecânico.