Este artigo científico aborda a problemática da arquitetura hostil e sua relação com o processo de higienização social na cidade de São Paulo. A questão norteadora é: como a arquitetura hostil promove a higienização social na cidade de São Paulo? A partir disso três hipóteses foram formuladas: (I) a arquitetura hostil busca afastar pessoas consideradas indesejáveis ou perigosas para a propriedade pública e privada; (II) apesar de agressiva, a arquitetura hostil não promove efetivamente a higienização social; (III) a arquitetura hostil em São Paulo ocorre devido à especulação imobiliária e à gentrificação. O referencial teórico aborda tais conceitos: A arquitetura, que inicialmente tinha como objetivo prover segurança humana, ao longo do tempo tornou-se uma forma de expressão cultural e de exercício de poder. A arquitetura hostil difere da arquitetura social inclusiva e é um sintoma da aporofobia e da desigualdade socioeconômica.Já a higienização social é marcada por preconceitos raciais e refere-se à exclusão de pessoas em situação de rua para atender a um ideal de cidade limpa e valorizada. Por fim, a gentrificação é um processo de enobrecimento urbano que ocorre quando áreas centrais são ocupadas por pessoas de maior poder aquisitivo, substituindo os moradores de baixa renda. Os objetivos deste estudo são chamar a atenção para a problemática da arquitetura hostil em São Paulo, analisar suas causas e consequências e identificar os locais onde essa prática ocorre e sua relação com a especulação imobiliária e a aporofobia. A justificativa para a pesquisa surge da indignação diante das estruturas que impedem determinados grupos sociais de frequentarem espaços urbanos, bem como do veto presidencial à Lei Padre Júlio Lancellotti, lei que proíbe a construção de estruturas para evitar a presença de moradores de rua em espaços públicos. A metodologia envolve a análise de artigos científicos, livros, leis e bancos de dados, além de uma entrevista com o Padre Júlio Lancellotti. Foi aplicado um questionário a estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU) para avaliar o conhecimento e a visibilidade do tema no âmbito acadêmico. A comparação e análise dos resultados obtidos foram fundamentais para o desenvolvimento do estudo. Ao final da pesquisa as hipóteses I e III foram corroboradas, enquanto a II foi refutada. Neste estudo concluímos que a arquitetura hostil promove o processo de higienização social.