Desde a Assembleia Constituinte de 1986, evangélicos pentecostais vêm ocupando cargos políticos no Brasil, de forma crescente a cada eleição. A maioria desses religiosos são, atualmente, vinculados ao espectro político de direita, e buscam ressaltar os valores de sua fé na esfera pública. Desde as eleições presidenciais de 1989, todo presidente eleito contou com o apoio público das principais lideranças pentecostais do Brasil, com exceção do último pleito, em 2022. Buscando compreender a influência religiosa em um Estado Laico, a presente pesquisa se dividiu em duas fases, sendo que na primeira, objetiva-se adquirir um embasamento teórico mais aprofundado acerca da laicidade, a fim de investigar se as articulações entre a política brasileira e o ativismo político pentecostal são condizentes com os conceitos presentes na literatura. Para alcançar tal objetivo, especifica-se investigar a atuação política de Lula com os evangélicos na atual legislatura, analisando as tentativas de aproximação de ambas as partes, de modo a verificar se possíveis acordos tendem a interferir na neutralidade religiosa do Brasil. A segunda fase considera a análise dos dados coletados, buscando identificar, entre os estudantes do terceiro ano do Ensino Médio Técnico do IFRS-BG, o conhecimento dessa problemática por meio de uma atividade lúdica, promovendo, consequentemente, uma conscientização sobre essa temática. A presente pesquisa é de caráter qualitativo exploratório e experimental. A metodologia inclui uma ampla pesquisa bibliográfica e, para a primeira etapa, o acompanhamento de notícias nas mídias de telecomunicação, como jornais, grupos no Telegram e perfis no Instagram. Para a segunda etapa, um jogo com questões objetivas referentes aos dados da primeira fase está sendo aplicado com os discentes. Ademais, para mensurar adequadamente os conhecimentos prévios e os adquiridos após o jogo pelas turmas, foram desenvolvidos dois questionários, um aplicado antes do início da atividade e o outro após o seu fim. Resultados parciais da primeira fase do projeto apontam inúmeras interferências dos evangélicos pentecostais na tramitação de projetos de lei desde a redemocratização do Brasil. Pode-se usar como exemplos o PL que busca proibir o casamento homoafetivo (que está sendo discutido atualmente), o Estatuto da Família, o Estatuto do Nascituro, o Plano Nacional de Educação (que proibiu a discussão de gênero na escola), o debate acerca da discriminalização do aborto, entre outros. Ademais, pode-se visualizar a aproximação da religião e da política atualmente em aspectos como a indicação de ministros para o Supremo Tribunal Federal que dizem seguir seus valores cristãos na corte, e em publicações nas redes sociais de Lula e da Frente Parlamentar Evangélica que remetem a uma identidade nacional cristã. Com relação à segunda fase da pesquisa, no que diz respeito às perspectivas dos discentes sobre a laicidade, alguns definiram tal conceito como “Não interferência da religião na política”, porém a grande maioria não respondeu à questão, ou disse que não sabia. No questionário aplicado com os estudantes antes do jogo, foi perguntado se eles achavam que o Brasil é um Estado Laico, e 41,3% falaram que sim. Entretanto, no mesmo formulário, foi questionado se eles acreditavam que a religião interfere na política brasileira, e 80% falou que sim. Isso mostra uma incoerência na resposta dos estudantes, o que confirma certa confusão da população acerca da referida temática. Desta forma, a realização dessa pesquisa contribui com o debate acerca da influência que a esfera de poder cristã ainda têm na sociedade brasileira, sobre o Estado Laico e na conscientização dos discentes do IFRS- Campus Bento Gonçalves no que diz respeito à relação da religião evangélica com a democracia do Brasil.
Palavras-chave: política; evangélicos pentecostais; laicidade; estudantes do IFRS-BG.