A descoberta de dois chás com odores totalmente opostos no canteiro existente da pracinha, causou o maior alvoroço entre as crianças que não compreendiam como as abelhinhas buscavam as flores das duas plantas. Com isso, instaurou-se uma discussão sobre os malefícios e benefícios dessas plantas à saúde, abrindo margem a uma investigação sobre para que servem, de onde veio o chá e o porquê de alguns serem tão perfumosos e outros tão malcheirosos. O carinho das avós e das mães no preparo de chá para o lanche ou para melhora de alguma enfermidade, foi motivo para conhecermos as propriedades de algumas dessas plantas. Durante o processo de pesquisa, descobrimos a diferença entre o verdadeiro chá, extraído de uma única planta, a camellia sinensis e as tisanas, como são chamadas todas as outras ervas. Vislumbramos maneiras diferentes de preparo, utilidades na culinária, no cuidado da pele e dos cabelos, cataplasma para feridas, assim como, o perigo do uso indiscriminado causando possíveis malefícios. As famílias envolveram-se na pesquisa repassando a sabedoria popular recebida de seus ancestrais, os avós, para criarmos um livro de chás. Também contribuíram com mudas que foram plantadas com o auxílio das “tias”, serviços gerais, chamadas carinhosamente pelas crianças de “nossas vovós da escola”. Ouvimos que há plantas que são chamadas de “matinhos” mas que também são utilizadas na culinária e como uso medicinal alternativo. Como estudamos a nossa famosa macela ou marcela que também nasce pelos campos, pedimos auxílio às nossas famílias para pesquisar e descobrir sobre plantas diferentes, as chamadas PANCS – PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO CONVENCIONAIS – que são utilizadas para alimentação e também como chá, no tratamento para diversas doenças. Descobrimos que há plantas como a tansagem ou tanchagem e o dente-de-leão, que podem ser consumidas como uma salada, fazer refogado ou podemos utilizar suas folhas para fazer uma infusão para tratar infecções nos rins e fígado, por exemplo. O projeto não foi encerrado, uma vez que novas descobertas surgem aumentando a curiosidade sobre os “chás”, firmando a relação entre bem-estar e propriedades medicinais, incentivando o plantio e consumo dessas plantas cheias de significado histórico.