A arqueologia é a ciência que estuda os vestígios da presença dos seres humanos no planeta, sendo uma forma de buscar e preservar a memória das sociedades. Por isso, os sítios arqueológicos são espaços muito importantes e que precisam ser protegidos. Na região de Xangri-Lá, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, encontram-se sítios chamados sambaquis, caracterizados por serem montes de conchas e areia, e fontes muito ricas sobre os hábitos, a vida e a cultura dos povos que viveram na região há muitos séculos ou até milênios. Tal fato levou ao trabalho aqui apresentado, o qual tem por objetivo analisar a relação entre a consciência da população sobre os sambaquis e a preservação desses sítios arqueológicos. O tema é relevante, pois se trata de um patrimônio histórico não apenas da cidade, mas do país. Existem entre 300 e 350 sambaquis registrados no território brasileiro, na região do litoral. Xangri-Lá possui dois sítios deste tipo, sendo um deles o objeto deste estudo, o qual está cadastrado no Iphan sob a sigla RS-LN,19, com idade estimada em 1.000 anos. Inclusive, este sambaqui é protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, caracterizando-se como um espaço único, ao qual qualquer dano é irreparável. Como metodologia foram seguidas as seguintes etapas: 1) levantamento e análise de bibliografia sobre arqueologia, em especial arqueologia do litoral brasileiro; 2) análise de reportagens e artigos sobre o sambaqui de Xangri-Lá; 3) entrevistas com arqueólogos sobre os sambaquis, especialmente de Xangri-Lá, além de representantes do poder público, da Secretaria de Cultura e Turismo; 4) aplicação de questionário com a população local, a fim de verificar o conhecimento dos moradores sobre o sítio, bem como sua consciência a respeito de sua importância e conservação; 5) pesquisa de campo, para averiguar e registrar o local de estudo in loco; e 6) cruzamento e análise das informações coletadas. Como resultados preliminares, pode-se observar que, mesmo sendo considerado um patrimônio histórico, o sambaqui de Xangri-Lá encontra-se com graves problemas de proteção e conservação: falta de sinalização, aspecto de abandono, falta de proteção contra possíveis atos de vandalismo, lixo e entulhos, dentre outros problemas. Foi averiguado que há projetos e ações dos órgãos públicos a serem desenvolvidas na região, o que poderá, em curto ou longo prazo representar uma melhora nas condições dos sambaquis. Na pesquisa quantitativa, com a aplicação do questionário, 73 pessoas foram entrevistadas. Destas, 78,1% afirmaram que sabem o que são os sambaquis, e 75,3% sabem onde o sítio arqueológico se localiza. Quase a mesma proporção de pessoas (78,1%) acredita que os sambaquis são importantes para o município. Já 19,2% não tem opinião sobre sua importância, e 2,7% não os consideram importantes para a cidade. Questionados se os sambaquis devem ser protegidos e preservados no município, 93,2% das pessoas pensam que sim. Os dados coletados até o momento confirmam a necessidade de preservação e a relação entre o conhecimento sobre os sambaquis e a consciência de sua relevância. Espera-se, no futuro, que essa pesquisa contribua para a proteção e o despertar de um interesse cada vez maior pela história de nossa região.